Batalha dos 5 Reinos
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Mensagem por Padre Seg Jun 10, 2013 8:31 pm

Padre_____ Padrem

Pela quarta vez naquela noite, o sacerdote responsável pelo templo de Solaris caminhava em direção à porta. Com a luz da luminária de vela refletindo em sua grande barba branca, ele abriu a porta e, ao ver novamente o homem com a capa negra à porta, praguejou e então disse:

- Por Solaris! Eu já disse que ninguém poderá tocá-la! Vocês já tem Akrom em sua custódia. Desistam e deixem a garota em paz!

E o homem de negro respondeu:

- Senhor sacerdote, primeiramente, sentimos muito por termos de afastar Akrom do sacerdócio, mas o senhor bem sabe que aquela prostituta carrega na barriga o filho de Akrom. Caso essa criança venha a nascer, ela será uma cria de demônios, visto que nada de bom pode vir da cruza entre uma puta e um sacerdote. Peço humildemente que o senhor nos permita acabar com este "equivoco" por parte de um dos membros de seu santuário.

- Não! Enquanto eu viver, a garota não será tocada!
- Então... que assim seja...

Não houve tempo para reação por parte do velho sacerdote. O homem de negro parecia sofrer muito enquanto sentia a lâmina de sua adaga atravessar batina, pele, carne e tocar os ossos do velho. O sacerdote se engasgava com o próprio sangue enquanto amaldiçoava o homem que o debruçava sobre o carpete.
O Homem de Negro parecia ignorar os dizeres do sacerdote enquanto orava de joelhos para que Prometheus recebesse bem a alma do velho. Ele permaneceu ali por alguns instantes. O suficiente para assistir o Sacerdote partindo para os domínios de Prometheus.

Nos fundos do templo, a prostituta em trabalho de parto dava o máximo de si para dar à luz sem fazer nenhum ruido. Qualquer barulho poderia fazer com que o caçador que a procurava soubesse do iminente nascimento de seu filho, e isso provavelmente levaria o homem a executar seu veredito com mais impulso do que teve até o momento. Estava muito assustada, pois o Sacerdote que cuidara dela nos ultimos dois dias havia saido para pegar um pano e não voltara mais. Este não podia ser um bom sinal.
Forçou o máximo possível desta vez, e então ouviu-se o choro da criança. A mulher apressou-se a tentar calar o garoto tampando sua boca com uma das mãos, mas parecia não ser o suficiente. O garoto acabara de nascer e já parecia ter o fôlego de um adulto quando se tratava de fazer barulho.

Do lado de fora, o Homem de Negro praguejou quando ouviu o choro de uma criança vindo do fundo do templo. O pobre sacerdote o atrasara, e agora, provavelmente teria que matar uma mulher e um recém-nascido. Ele dirigiu-se à sala e tentou entrar, mas a porta estava trancada. Olhou ao redor e afastou-se alguns passos.

Dentro da sala, a mulher sentia sua testa arder, e sentia que quanto mais ardia, menos medo sentia. O garoto parara de chorar e olhava fixamente para ela. Ela olhou ao redor, exclamou, levantou-se, cortou o cordão umbilical com uma adaga que o sacerdote havia deixado em cima da escrivaninha e então pegou uma besta que estava já armada. Ela não havia visto aquela arma na sala antes, mas mesmo assim não questionou o estranho acontecimento, apenas ficou feliz por ter a arma consigo naquele momento. Ela mirou a porta e aguardou.

Fora da sala, o Homem de Negro chutou a porta na altura da tranca. Quando a porta se abriu, vislumbrou a prostituta com o sangue do parto em suas pernas e uma besta na mão mirando diretamente para ele. O rosto da mulher deixava claro a sua fúria, e em sua testa, o simbolo de Solaris brilhava intensamente. Ele arremessou uma adaga ao mesmo tempo em que a mulher disparou a arma. A adaga entrou fundo no peito da mulher, enquanto o projétil da besta acertou em cheio o olho esquerdo do homem.
Ambos foram ao chão, sem vida. O garoto voltou a chorar, e este foi o único som ouvido no templo pelo resto daquela noite.
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17 anos depois
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Um homem forte e alto com longos cabelos loiros e vestes do clero está na porta do templo. Seu nome é Alberg. Ele criou o garoto e assumiu o templo logo após o incidente 17 anos antes. Todo o vilarejo ficou chocado com o acontecido. E diziam que o garoto ter sobrevivido era um milagre. Que Solaris cuidara pessoalmente dele durante aquela noite.

Alberg gritou:

- Padre, estão precisando de você aqui!

Virou-se para um morador do vilarejo. O homem também era forte, e utilizava vestes que indicavam que era um lenhador.

- Ele deve estar orando. Já virá vê-lo.

Nos fundos do templo, abriu a porta um homem com uma chamativa veste vermelha. Padre era conhecido no vilarejo como um homem capaz de converter hereges e curar pessoas dominadas por demônios. Essa era uma rotina para ele. Quase todos os dias, aparecia alguém do próprio vilarejo ou de vilas vizinhas procurando por seus serviços.

- Ganth! Há muito não vem ao templo. Espero que tenha ao menos orado. Em que posso ajudá-lo? - Perguntou ao lenhador.

- É o meu filho, padre. Ele tem agido de forma estranha ultimamente. Como o senhor sabe, ele é um bom garoto, mas nos últimos dias, ele tem aparecido com objetos de valores impossíveis para a nossa renda. O ultimo roubo dele me fez vir até aqui: acho que isto pertence ao templo. - Ele estendeu a mão, mostrando a miniatura de uma espada larga feita em ouro. Padre olhou para uma das imagens da igreja e percebeu que Solaris estava sem sua espada.

- Isso é culpa sua, Ganth! Parou de contribuir com o templo e agora seu filho foi dominado por um demônio! Roubar um templo! Por Solaris... é absurdo! Preciso vê-lo imediatamente!

- Peço desculpas, Padre. Voltarei a vir ao templo, mas ajude meu filho...

- Peça desculpas a Solaris. Vou apenas me preparar para curá-lo e logo me dirigirei à sua casa. Padre cumprimentou Ganth e Alberg e se retirou de volta a seus aposentos.

Dentro da cabana de Ganth, sua mulher chorava em silêncio enquanto Ganth bebia sentado à mesa. Haviam três dias que Padre estava trancado dentro daquele quarto com o garoto, mas ha mais de uma hora não se ouviam os gritos do menino e nem as represálias do Padre. Ambos estavam ansiosos por saber se Padre havia conseguido salvar o garoto ou se ele não suportara as investidas que Padre exercera sobre o demônio que o dominava. Finalmente, a porta do quarto se abre, e Padre sai com um semblante de satisfação.

- Ele está curado. Solaris foi piedoso e me deu forças para combater o mal, mas espero que isso sirva de lição para vocês. NUNCA deixem de colaborar com o templo. Estarei esperando por vocês no próximo sermão.

Ele se dirigiu à porta e saiu.

Ganth e sua mulher se dirigiram ao quarto, onde encontraram o garoto deitado. Seu rosto estava desfigurado a ponto de não conseguir abrir os olhos devido ao inchaço. Os dedos dos pés estavam quebrados e havia sangue nos cobertores. Em seu peito, uma cicatriz com o símbolo de Solaris era bem evidente e ele estava sussurrando. Ao se aproximarem, sorriram quando perceberam que o garoto orava para que Solaris jamais permitisse que ele voltasse a ter aquele tipo de pensamentos malignos. O demônio se foi!

Voltando ao templo, Padre se deparou com dois homens de capas tão vistosas quanto a dele. Exceto pelas jóias que eram muito mais vistosas nas roupas deles.

- Padre?

- Sim. Em que posso ajudá-los?

- Somos os delegados de Solaris. E soubemos do ótimo trabalho que você tem feito na região. Estamos aqui para convidá-lo para a casa de nossa ordem. Solaris nos enviou para oferecer a você um pouco mais de conhecimento sobre os seus mistérios e como eles funcionam. Sabemos quem foi o responsável pela morte de seus pais e, vindo conosco, você poderá adquirir a sabedoria necessária para julgar este acontecimento.

Desde então, padre esteve trancado dentro da casa da Ordem dos Sombras de Solaris, até que recebeu o chamado para curar o mundo.
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